Foi entre lágrimas, abraços e gritos de
revolta que cerca de 30 familiares das vítimas da tragédia de Santa Maria
receberam a decisão judicial que concedeu
liberdade provisória para os quatro réus presos após o incêndio da Boate Kiss.
Vestindo
camisetas e levantando cartazes com os nomes e fotos das vítimas, os parentes
se concentraram em frente ao Tribunal de Justiça, na
Avenida Borges de Medeiros, em Porto Alegre, por cerca de meia hora, para
clamar por justiça.
— Estamos com uma sensação de impunidade,
de fracasso, não existe justiça nesse país — desabafou Camila de Lima Pires,
que perdeu o filho Pedro Almeida, de 20 anos, no incêndio.
— Todos eles eram anjos, eram jovens que
trabalhavam ou estudavam. Não é justo soltar os culpados por isso —
complementou.
Fani Torres, que perdeu a única filha no
acidente, disse que a decisão judicial a fez reviver a noite do incêndio:
— Ela era tudo que eu tinha. Ela saiu
para se divertir com as amigas, e elas não voltaram mais. E nós não temos
resposta, isso não é possível. A gente acorda de manhã, olha para lado, e pensa
que a vida não tem mais sentido.
Entre depoimentos, gritos e choros,
alguns parentes falavam:
—Armaram um circo, e nós somos os
palhaços.
Apesar da decepção, o grupo realizou um
abraço coletivo e clamou:
—Justiça, justiça, justiça.
Eles se retiraram do local afirmando que
"a luta não acabou".
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